Depois as coisas pioraram ainda mais. Meteu-se na casa de banho. Escondi-me atrás do móvel do corredor, para ele não me ver. Felizmente, deixou a porta entreaberta. Vi-o a pegar na lâmina da barba do pai e a passá-la pela cara, ele que não tem nem uma penugem. Cortou-se, claro está! Havia sangue por todo lado! Eu gritei. Ele assustou-se e fechou a porta, enquanto me chamava nomes feios que eu nem sabia que existiam. O pai subiu as escadas a correr, mas quando percebeu o que se passava não lhe ralhou. Em vez disso, correu comigo, disse-me que queria falar a sós com o Filipe e que eu não tinha nada que espiar o meu irmão. Tentei explicar o que se passava: que aquele não é o Filipe, que há um livro perigoso no quarto dele… Mas o pai nem me quis ouvir e ainda me mandou para o quarto de castigo! Porque será que mais ninguém percebe que algo muito estranho está a acontecer?! Agora aquele livro obriga o Filipe a magoar-se e eu não tenho ninguém a quem pedir ajuda! 18
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